Grau de ionização do fármaco... ninguém merece (nem acredito que estou postando sobre isto).
Todo estudante que vê um pouquinho de química na academia (principalmente se tem algo a ver com medicamentos, Hááá... de volta a lendária Farmacologia, pedra no sapato do pessoal das biomédicas), fica meio enrolado com essa coisa. Afinal, são tantas siglas e pês e kas que ficamos zonzos, quando não abandonamos a disciplina por achar que está difícil demais (acreditem, já vi bastante gente abandonar farmaco antes da primeira prova).
Mas afinal de contas o que são essas malditas letras?
Muito bem, já expliquei antes o que é o pH, mas para quem não lembra (ou está com preguiça de clicar aqui), vou fazer uma breve revisão:
pH: É o que chamamos de potencial de Hidrogênio. É apenas uma medida que diz se a substância tem pouco ou muito H+ e a classificação a que ela pertence, de acordo com o pH. A escala do pH vai de 1 à 14, sendo que 7.0 é considerado neutro (água), de 7.1 à 14 é básico (sangue) e de 1.0 à 6.9 é ácido (leite... é o leite é ácido). Bem facinho, não?
pKa: Essa é a parte onde o pessoal se complica, na maior parte das vezes, simplesmente porquê ridiculariza os conhecimentos de bioquímica adquiridos no primeiro ano (isso quando se importa de aprender bioquímica de verdade). O pKa, é torna-se fácil de entender quando se tem uma visão clara do pH em relação ao meio; por definição o pKa é assim: pKa é o pH onde o fármaco é 50% ionizado e 50% não ionizado. Parece difícil, mas não é; veja bem. O Ácido Acetil-Salicílico (se não me engano, é a famosa Aspirina), tem o seu pKa igual a 3.5, então quando você toma um comprimido disso, se o seu estômago estiver com um pH exatamente igual a 3.5 (o normal é de 1.4), metade das moléculas de Aspirina vão ficar carregadas e metade vão ficar sem carga (50% ionizado e 50% não ionizado).
Sei que parece meio complicado, mas aí vão os macetes. Primeiro se ligue sempre na classificação da substância, se ela é ácida ou base, pois você precisa ter em mente uma coisa muito importante: Quanto mais uma substância ácida for para um meio básico, mais ionizado ela vai ficar e consequentemente, quanto mais ácido for o meio, menos ionizado ela fica. A recíproca é verdadeira, se uma substância básica for colocada em um meio ácido, mais ionizado ela fica, e quanto mais básico for o meio, menos ionizado ela fica.
Quando termino de explicar isso aos alunos, eles me olham com aquela cara de "Não estou entendendo nada", então escrevo assim:
Ácido em Base fica ionizado
Ácido em ácido fica não-ionizado
Base em ácido fica ionizado
Base em Base fica não-ionizado
"Hááááá...!" é o que eles dizem, "pois é" é o que eu digo.
Segundo macete, o pKa não classifica a substância com relação ao pH. Então o Ácido Acetil-Salicílico não é um ácido por causa que o seu pKa é 3.5, ele é um ácido porquê essa é sua característica química e ponto. Quero dizer que existem substâncias ácidas com pKa maior que 7.0 e substâncias Básicas com pKa menor que 7.0. Então sempre olhe sua classificação.
Aprofundando-se um pouco mais, vamos descobrir que o grau de ionização, vai aumentando ou diminuindo de acordo com a aproximação aos extremos da escala de pH, sendo que o 1.0 e o 14 representam 100% de ionização ou 100% de não-ionização.
É assim, vou usar o exemplo acima. Se o Ácido Acetil-Salicílico, que tem um pKa de 3.5 estivesse em um meio de pH 3.5, ele seria metade ionizado e metade não ionizado. Mas ele sendo um ácido e pela regra de ácido em ácido fica não-ionizado, se o colocásse-mos em um meio de 1.5, ele perderia carga e ficaria mais não-ionizado (talvez 80% não-ionizado e 20% ionizado). Se o meio tivesse o pH igual a 1.0, ele ficaria 100% não-ionizado. A mesma coisa vale para um meio básico, quanto mais uma substância básica for para um meio perto do 14, mais não ionizado ela ficará e quanto mais o meio estiver distante do 14, mais ionizado ficará.
Parece besteira ter de entender isso, mais o grau de ionização do fármaco é importante ser levado em conta tanto na hora da fabricação, prescrição e administração do medicamento, pois, como cada parte do corpo tem um pH diferente, as substâncias químicas reagem de maneira diferente de acordo com o meio.
Outro dia eu explico os outros fatores que influenciam na interação das drogas com o corpo...
De Flávia Moreira a 23 de Agosto de 2015 às 01:41
Adorei, ajudou bastante, da forma com que explica fica divertido de aprender, parabéns está muito dinâmico !
De Allan a 28 de Agosto de 2015 às 01:22
Top demais, parabéns!
De Fernanda a 13 de Março de 2016 às 18:25
Por que minha professora não explica assim hein? ADOREI!!!
De Julianne a 19 de Abril de 2017 às 15:45
Muito obrigada, me ajudou muito!!!
De neison morais a 3 de Março de 2018 às 03:13
Muito obrigado pela explicação...consegui tirar algumas duvidas que tinha...
De Não estou a fim de me identificar... mas o Sapo é lindo a 4 de Outubro de 2019 às 03:44
Cara, tu não é gente, tu é um anjo. ❤
De Ana Claudia de Assis Zemuner a 28 de Novembro de 2020 às 23:19
Estou aqui ansiosa tentando encontrar o post de continuação, sobre os outros fatores que influenciam na interação das drogas com o corpo. Cadeeeeeeeeeeeee?
De
Sapo a 15 de Julho de 2021 às 17:39
Oi Ana, acredita que o tempo passou, a preguiça dominou, o post ficou na cabeça e nunca saiu...
De Ana Claudia de Assis Zemuner a 16 de Julho de 2021 às 20:26
Poxa vida, chateada! 🤦🏼😂
De João Marcelo a 15 de Julho de 2021 às 15:40
11 Anos depois e seu conteudo ainda salvando vidas, vc é foda KKKKKKK tu ainda existe ?
De
Sapo a 15 de Julho de 2021 às 17:37
Ainda existo João. Só um tanto mais preguiçoso que há 11 anos atrás...
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