Estive pensando na bruxa malvada do João e Maria. Se ela nunca estudou Ciências Biomédicas (e muito provavelmente Ciências Culinárias) e, mesmo assim conseguia fazer bolinhos deliciosos utilizando corpos de criançinhas, porque a gente que passa metade da vida decorando nossos constituintes não podemos usar esses conhecimentos pra ter um pouco de prazer gastrônomico também?
Glacê; Massa; Recheio
Fazer um Corpo Humano é até bem simples, você vai precisar de um bom forno e os ingredientes certos, aí vai a receita:
Na verdade, apesar da não parecer, o Corpo Humano é composto de um número muito pequeno de elementos químicos (bom que barateia o preço). Dois terços da massa é preparada com água. Em um corpo que pesa 70 quilos (menos que meio boi), pesaria 23 sem água. O resto é feito de açúcar, gorduras e proteínas praticamente. Há, e uma pitada de sal a gosto (mineral). E o material genético, onde está estocado o segredo da massa fofinha e gostosa, dá menos de um grama.
Tratando-se de átomos, enfim, 96% da massa é de apenas quatro deles: Oxigênio (que você só vai conseguir sob forma de gás), carbono, hidrogênio e nitrogênio.
Os átomos de hidrogênio são os mais numerosos do lote (dois terços), mas, muito mais leves, se comparados aos outros: 16 vezes menos pesados que os átomos de oxigênio. Isso representa, na massa, sempre para um corpo de 70 quilos, as seguintes medidas:
Algumas pitadas de magnésio, de ferro, de flúor, de zinco, de cobre, alguns miligramas de iodo, de cobalto,de manganês, de molibdênio, de cromo, de selênio e traços de valádio, de níquel, de alumínio, de chumbo, de estanho, de titânio, de bromo, de boro, de arsênico, de silício e até de ouro!
Mas somente alguns microgramas deste último. Nos ingredientes do corpo, a raridade de um elemento não significa que não tem interesse. O corpo não teria o mesmo sabor sem essas quantidades infinitesimais que constituem os poucos microgramas de ouro contidos nele, assim como os poucos microgramas de valádio, pois todos os dois participam da proteção imune (uma espécie de recheio) e, são tão indispensáveis quanto o quilo de cálcio.
Ao preço atual dos ingredientes, um Corpo Humano valeria cerca de 100 dólares. E, ainda, comprando produtos químicos de boa qualidade, em mercadinhos melhores, não restos do sacolão (lembrei da namorada do Pedro...)!!!
Mas quer saber, mesmo não custando caro, o Corpo Humano não tem preço. Então cuide bem do seu, seja lá o nome que ele tiver...
Assis, Machado, Quincas Borba, terceira edição
Alguns dias atrás, a minha querida/professora/orientadora/química/engenheira civil/eletrotécnica/mestre em farmacologia/doutorada em química/pós doutorada em toxicologia, disse que era pra eu arrumar um livro de química geral bem antigo (porque os novos são para analfabetos funcionais, pois não tem cálculos), eu tinha que ler, aprender em uma semana ou duas pra gente começar a discutir as formulações moleculares das drogas que estamos testando no laboratório, o livro de química orgânica, ela mesmo iria me dar um da sua coleção particular.
Muito que bem! O caso é o seguinte, desobedecendo uma ordem superior, eu vou até uma biblioteca e pego um livro de química orgânica atual (fico encucado com os livros antigos, por causa da atualização), no sábado passado, ela o viu e torceu o nariz, me explicando mais ou menos porque o livro era ruim e eu fui obrigado a concordar com ela (tinha um monte de figuras para entretenimento, mais os cálculos que é o que interessa mesmo, nada).
Com muita boa vontade, ela se ofereceu a ir comigo até uma biblioteca de uma instituição de ensino superior (não direi o nome, porque a ocorrência foi lá), pediu para eu fazer uma procura eletrônica digitando o nome química, como o esperado, apareceram uns mil livros com esse título, então ela foi eliminando um por um pelo nome do autor, escolheu um de sua confiança e me mandou pedir ao atendente.
Estou eu esperando o rapaz pegar o livro, quando ela começa a rir de maneira esquisita, quando chego em frente ao computador, ela está rindo/furiosa e apontando para a tela em determinado título: Química Borba. Franzi a testa em sinal de quem não estava entendendo, então ela mandou eu reparar em quem era o autor, me deparei com o seguinte nome: Assis, Machado.
Neste momento, notei realmente que alguma coisa estava muito errada, conhecia Machado de Assis, e sei que ele não é químico. Na minha imensa ignorância (lê-se burrice), demorei a associar o nome com a pessoa e exclamei igual a um idiota. Hááá QUINCAS BORBA! Nesse momento não aguentei segurar o riso.
Ninguém merece isso, o pessoal que cadastra os livros da biblioteca, pode não entender de autores de química, mas aí a não saber que Machado de Assis não é químico. Com certeza houve confusão na hora de colocar no sistema, mas é óbvio o erro e já deveria ter sido observado e devidamendte corrigido.
E o pior não é isso, ela anotou as informações do livro, levou ao balcão, explicou ao cara, ele olhou no sistema e continuou insistindo que não havia nada errado, que era aquilo mesmo...
Talvez muita gente já tenha ouvido a palavra "sinapse", e alguns até a usam sem saber realmente o que significa; mas como todo bom farmacologista que se preza, também é um exímio fisiologista, vou dizer às diferenças, da minha maneira é claro, uma forma enxugada para quem não é da área possa entender; aproveitando para responder a pergunta de um antigo hum... (não lembro o nick), fulano de tal que perguntou no Yahoo à algum tempo (se buscar nos meus arquivos, garanto que acho a pergunta original).
Sinapse: Basicamente, sinapse é a apenas o ponto de união entre duas células; aquele espaçozinho que existe entre as membranas (sim, há um espaço entre as membranas de duas células, e existe muita coisa neles). As sinapses, servem como meio de comunicação entre as células e é através delas que o potencial de ação (impulso elétrico que leva uma informação) é transmitido. Elas podem ser de dois tipos:
Sinapse química: O potencial de ação é transmitido através de proteínas especiais chamadas de neurotransmissores. Os neurotransmissores saem de uma célula (célula pré-sináptica), caem em um espaço (fenda sináptica) e interagem com a próxima célula (célula pós-sináptica), dessa forma a informação é repassada. Esse tipo de sinapse é encontrada em todo o sistema nervoso, é a forma com que os neurônios se comunicam, através de substâncias químicas.
Sinapse elétrica: Nesse tipo, as células estão praticamente coladas e existe uma abertura, como um canal, que une as membranas; esses canais são chamados de junções comunicantes. O potencial de ação corre diretamente de uma membrana para outra, sem precisar do auxílio de mediadores químicos. Essa é a sinapse utilizada pelos músculos, inclusive o próprio coração utiliza-se da incrível velocidade proporcionada pelas juncões, para fazer com que todas as fibras contraiam ao mesmo tempo de modo ritmado.
Por alto, é só isso. Entender a fisiologia básica das sinapses não é complicado; mas a complexidade do trabalho realizado ali, é muito maior do que o descrito aqui. Quem quiser ter uma idéia melhor e de quebra saber como o músculo contrai e relaxa, é só clicar aqui. Quem tiver alguma dúvida quanto aos termos ou a mecânica da coisa, é só perguntar.